O jogo da paz (também classificado no festimar 2005)
Em um dos palcos de decisões futebolísticas, o Maracanã,
Vasco e Flamengo se enfrentavam, valendo a Taça Rio e, como todos sabem, os dois times são grandes rivais. Suas
torcidas ficam uma em cada canto do estádio, com tambores e apitos, cantando e
gritando.
Estava eu observando as torcidas e ouvindo os coros quando
vi, perto de mim, em uma parte neutra, ou seja, sem torcida específica. Nela
avistei um flamenguista e um vascaíno juntos. Possuíam uma fisionomia muito
parecida, e pareciam irmãos. A quilo chamou minha atenção.
O jogo começa, e vez ou outra presto atenção nos dois. Roem
as unhas, ficam nervosos, como qualquer torcedor. Quando um time atacava, um
dos dois alegrava, enquanto o outro se encolhia, mas permaneciam unidos. Quando acontecia um gol, um se exaltava, e o outro dizia “foi roubado”
ou “estava impedido”. E assim foi até o fim do jogo, e os dois ainda
permaneciam unidos, transmitindo paz entre as torcidas.
O jogo terminara 2 a 2, e iria para os pênaltis. Nos cinco
minutos que antecederam as cobranças a tensão tomou conta das torcidas,
inclusive dos dois meninos. Vasco fora o campeão, e o vascaíno, é claro, pulava
de alegria, enquanto o flamenguista
ficava de cabeça baixa, meio que chorando. Mas em nenhum momento
brigaram, discutiram ou se afastaram, indo embora juntos.
Isso foi, para mim, um grande gesto de paz, que pode
acontecer nas coisas mais simples, estando presente também até mesmo em um jogo
de futebol.