Quem
lê a bíblia sabe que, dentre os personagens mais excluídos da
Terra, sem dúvida os leprosos estavam entre eles, assim como as
prostitutas, as mulheres em geral, as viúvas etc. Estes não viviam,
simplesmente existiam. Pessoas “normais” os viam, mas fingiam que
nem estavam ali.
Triste realidade, que, com o tempo, foi mudando para a melhor.
A
questão é que, atualmente, novas pessoas são os leprosos de hoje.
Explico: Dia desses, me deslocando de ônibus, vi uma cena que me
deixou a pensar isso. Um senhor, claramente com problemas
psiquiátricos, mendigo, estava sentado na frente do veículo, e
falava (gritava) coisas incompreensíveis. Ninguém se interessou por
ele, o que, de fato, é algo normal de acontecer, já que as pessoas
sentiram medo de ele fazer algo com elas. O problema é que o
motorista, bem como o cobrador, não manifestaram nenhum tipo de
compaixão para com ele. Simplesmente o ônibus estacionou em uma
parada, e o motorista o mandou descer. Ate deu para entender o que
ele falou ao descer: Só porque sou mendigo né?
No
mundo, parece que sempre vão existir pessoas à margem da sociedade.
Não digo apenas no caso de mendigos e quem tem problemas
psicológicos, mas muita gente hoje ainda sofre desses problemas,
como os próprios negros, os lgbts etc. Esses são os novos leprosos.
E como lidar com eles afinal? No caso do mendigo do ônibus, creio
que deixar ele falando sozinho e descer na parada que ele pretendia
era, no mínimo, o mais aceitável a ser feito.
Ninguém
tem obrigação, é claro, de conviver com pessoas que diferem da
nossa normalidade, mas acredito que não podemos deixá-los apenas
existirem, e não nos sensibilizarmos com a vida deles. A verdade é
que atualmente notícias ruins e a insensibilidade já estão tão
normais que ninguém mais se sente mal com isso. Os papéis se
inverteram. Vamos pensar melhor sobre isso, e quem sabe tentar fazer
a vida de pessoas excluídas um pouco melhor?